O Colégio Estadual João Carneiro, localizado no povoado Vila do Carneiro, em Conceição do Coité, a 223 km de Salvador, está entre a escolas da rede estadual de ensino que ultrapassaram a meta nacional de 4.3 para o Ensino Médio, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2019, com a pontuação 4.4. A unidade escolar, fundada em 1986, oferta os ensinos Médio Regular e o Fundamental II e, atualmente, conta com 231 estudantes matriculados. Um dos focos pedagógicos da unidade escolar é a preocupação em encaminhar os estudantes para as universidades.
O diretor Rubens Cedraz destacou o diferencial da unidade para atingir o resultado alcançado. “Somos uma escola do campo e há muito acontece um fenômeno interessante, que é o fato de termos uma enorme demanda por matrículas de alunos vindos da sede do município. Este fato não se resume apenas às boas avaliações do IDEB, mas do contagiante protagonismo e pertencimento de toda a comunidade escolar, que, por sua vez, desenvolve parcerias no ambiente escolar com grupos de valorização da cultura local, capoeira, percussão e oficinas esportivas. Nosso grande projeto interdisciplinar é um projeto de leitura desenvolvido durante o ano letivo com culminância ao final de cada unidade, apontando a leitura como meio de conhecimento, identificação e transformação do sujeito e suas relações com o mundo. E, finalmente, acreditamos que estes são os frutos do compromisso firmado pela direção, professores e todos funcionários que acreditam e defendem a educação pública de qualidade”.
O ex-estudante Evanilson Araújo Carneiro Júnior, 23, que concluiu os estudos em 2013 e, hoje, é advogado, falou de sua experiência na escola. “Não é difícil desvendar as razões que tornam esse colégio tão incrível. A dedicação dos profissionais que ali trabalham é um dos pontos mais importantes. A preocupação com o estudante, dentro e fora da sala de aula, torna o colégio um espaço que ultrapassa a aprendizagem acadêmica tradicional. Ao invés disso, há uma séria intenção de incentivá-lo a desenvolver o pensamento crítico. Além disso, trata-se de um local onde aspectos subjetivos, como o altruísmo, a ética e o desenvolvimento sustentável, são cultivados. A interação da escola, que desde sempre traz a comunidade para participar do processo educativo, também é um fator definitivo. A escola se transforma em um local onde o aluno é constantemente desafiado a encarar novas perspectivas, a se desenvolver e melhorar. E todos estão dispostos a criar o melhor ambiente possível para que isso aconteça. Somos ensinados a fazer a diferença”.
A professora de Língua Portuguesa, Naildes Oliveira Pinheiro, que também é mãe de quatro filhos que estudaram no colégio, expressou seu carinho pela unidade. “Sou suspeita para falar, porque faço parte do quadro docente e acredito no trabalho desenvolvido por mim e por meus colegas. Acredito que o diferencial do colégio está no comprometimento, no afeto e na interação entre gestores, professores, estudantes e família, bem como na proposta pedagógica, sempre atrelada a projetos temáticos, visando uma aprendizagem que promova o protagonismo estudantil de nossos educandos. Por isso, estamos o tempo todo incentivando uns aos outros para fazermos o melhor em prol de nossos estudantes. Aqui, há um sentimento de pertencimento muito forte por parte de todo grupo escolar que fazem a educação acontecer. Por essas razões que não tive dúvidas ao matricular meus filhos neste colégio, onde iniciaram seus estudos no Fundamental II e terminaram com a conclusão do Ensino Médio. Tiveram sua formação escolar pública, entrando logo em seguida na universidade, inclusive, a minha filha mais velha, estudante de Física, foi aprovada em cinco mestrados de universidades federais. Temos a certeza de que o caminho do ensinar é o mesmo caminho do afeto e do aprender e, por isso, colhemos os nossos frutos do saber e conhecer”.
Sobre o IDEB – O IDEB foi criado pelo governo federal para medir a qualidade do ensino nas escolas públicas. No Ensino Médio, a rede estadual de ensino saltou de 2,7 (2017) para 3,2 (2019). Este foi o melhor IDEB alcançado pela rede desde que o índice foi instituído, em 2007. Em termos relativos, percentuais, o IDEB da Bahia cresceu 18,5%, sendo o segundo maior crescimento do país. A Bahia também é um dos oito estados com aumento maior do IDEB, 0,5, maior do que a média nacional, que foi de 0,4.
O avanço também foi constatado nos ensinos Fundamental I e II da rede pública, que possuem ofertas pelas redes estadual e municipais. O IDEB demonstrou que, no Ensino Fundamental I (do 1º ao 5° ano), houve um crescimento de 4,7 (2017) para 4,9 (2019) e, no Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano), o desempenho foi ainda melhor, avançando de 3,4 (2017) para 3,8 (2019).
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